A CRUZ


(pt.1)
VER, ENTENDER E SENTIR


Todos pegam o boletim de suas igrejas. Muitos o guardam; alguns o lêem; poucos meditam em suas palavras e raros os que refletem para praticar. Um dia, eu resolvi fazer parte desse grupo mais escasso. O que Deus queria me dizer na mensagem pastoral inscrita em sua página inicial?

“Eu vi a cruz!” Era essa a mensagem que constava no boletim da IBC no dia 08 de julho de 2007. O pastor falava sobre vários tipos de cruzes – de cartolina, de pedra sabão, de ouro puro... – até que ele chegou à cruz do Calvário. Em suas palavras: “Aquela era a cruz da redenção da humanidade. Era a minha cruz. Era a sua cruz. A nossa cruz.”.

A mensagem era linda! Mas eu me questionei: Eu vi a cruz? Ou melhor: Eu entendi a cruz? Eu senti a cruz?

A cruz do Calvário foi vista por muitas pessoas ao longo desses 02 mil anos em que ela tem sido constantemente relembrada. Alguns são capazes de descrevê-la com tamanha perfeição técnica que nem o Carpinteiro de Nazaré, especialista no assunto, ousaria questionar; o evento ocorrido naquelas duas vigas de madeiras erguidas no Gólgota tem sido tão bem descrito por teólogos, historiadores e filósofos que nem o Mestre, o Criador da História, a Sabedoria se atreveria a discutir. Esses indivíduos, assim como eu, também viram a cruz. No entanto, eles nunca a entenderam; nunca foram capazes de senti-la.

Entender a cruz não está relacionado com a capacidade humana de estudá-la. Entender a cruz não significa ser suficientemente inteligente para narrar o episódio com riqueza de detalhes. Mas, entender a cruz também não é dizer que foi nela que Jesus nos salvou. Entender a cruz está intimamente ligado a sentir a cruz.

Quando eu vejo a cruz, eu preciso entender que Aquele que estava me salvando ao morrer nela ocupava o MEU lugar. Eu preciso entender que eram minhas mãos e meus pés que deveriam ter sido cravados. Eu preciso entender que um INOCENTE morreu por minha culpa. Eu preciso entender que AQUELA CRUZ ERA MINHA! E, se ao entender tudo isso, meu coração não bater forte; se, ao entender tudo isso, meu interior não estremecer; se, ao entender tudo isso, eu não sinto nada, de que adiantou eu ver a cruz?

Ver a cruz e não entendê-la é ser mero espectador. Entendê-la e não senti-la me transformará num religioso, num moderno fariseu. Vê-la, entendê-la e senti-la me levará a Cristo e, só então, serei transformado.

Porém, esse processo triplo – ver, entender e sentir – não ocorre uma única vez. Alguns pensam que isso só acontece num determinado instante, quando eu, um pecador longe de Deus, me rendo aos Seus pés e recebo Seu Filho como meu único e suficiente Senhor e Salvador. NÃO! Se isso fosse um evento singular, Jesus não nos teria dito para carregarmos dia após dia a nossa cruz. Diariamente, em todo momento, a cada instante em que houver fôlego de vida em mim, preciso ver, entender e sentir a cruz. Só assim serei capaz de viver verdadeiramente o cristianismo que Deus me chamou para viver.

Se, pois, não há como existir Cristo sem a cruz do Calvário, como existiria eu sem ela?


Cibele Guerra

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